LAMENTOS DO JUNDIÁ

Tiraram a roupa do meu riacho
Mudaram os traços do seu semblante,
Não há mais sorriso na paisagem
Nada mais é como era antes;
Roubaram os passos da suas águas
Cortaram o espaço do seu desejo,
Não sei se ainda chegas ao mar
Pra lhe abraçar num grande beijo!

“Este é o lamento de um Jundiá
Se o rio pudesse, perguntaria,
Onde estarás peixe amigo?
Que deste o nome a mim um dia!”

Quanta saudade se faz presente
Estou ausente mas sei que estás,
Ferido e cheio de empecilhos
Muito cansado pra viajar;
O seu murmúrio perdeu o tom
Não serve mais de inspiração,
E meus amigos que lhe habitavam
Pegaram a onda da extinção!

Toda beleza por água abaixo
Navega em ti a solidão,
Até o lôdo na pedra clama
Chora o vazio, a escuridão;
Adeus remanso de águas claras
Tão cristalinas sem nada igual,
Estou vivendo em outro canto
Mas eu te amo meu manancial!

Sávio Estrela
Jundiaí – São Paulo