OLHOS SECOS

O pouco que restou no bico da caneta,
Usei para derramar minha dor em letras;
As últimas lágrimas que eu chorei por ela,
Foram tão ardentes quanto aos pingos da vela!

Transbordou no castiçal destes olhos sovados,
Pela cêra derretida dos sonhos devorados;
Pelo fogo impiedoso dessa tristeza em chamas,
Que varre do coração os sentimentos que inflamam;
E deixa carbonizados os anseios da esperança,
Que remexida nas cinzas ainda respira na ânsia;
De renascer qual Fênix e voar qual fragrância,
Que já não teme o vento em nenhuma instância!

Sávio Estrela
Jundiaí – São Paulo