COLHEITA DE AMOR

Meados de maio, no norte do Paraná
O tempo áureo da colheita do café,
Senti vontade de rever a minha terra
Beijar meu solo com a sola dos pés;
Eu conheci uma família camponesa
E nessa prole uma linda flor campeira,
Lábios vermelhos da cor do café maduro
E uma pele aveludada e trigueira!

Os seus quadris embalando a peneira
Peneirando os grãos pra separá-los,
Da impureza me deixaram atordoado
Meu coração disparou feito um cavalo;
Com um sorriso reluzente me saudou
E convidou-me pra noite no terreirão,
Cantar toadas que falassem de amor –
Dessas que fazem até a voz de um tenor-
Ficar suave como o som de violão!

E quando a lua despontou na cumeeira
De uma montanha decorando o horizonte,
Ela chegou com uma saia xadrez
E os cabelos molhados sobre a fronte;
E após ouvir uma seresta sertaneja
Beijou meu rosto prometendo ir além,
O seu olhar rastelou meus sentimentos –
E abanou meu coração mesmo sem vento –
E me pediu pra colher seu maior bem!

Escrito por:
Sávio Estrela
Alex Sávio
Jundiaí – São Paulo