Tô cuspindo sem saliva, to comendo sem mistura –
Estou indo pro buraco, tô vivendo na pindura;
Não to achando moleza e a coisa sempre dura –
Eu estou tocando a vida, sem nenhuma partitura!
Feito burro na pedreira, sem usar a ferradura –
Tô matando cão a grito, sob a pressão da loucura;
Tô rodando sem fieira, qual pião sem conjuntura –
Estou perdido no tempo, todas as noites são escuras!
Sinto o sonho evaporar, feito água na fervura –
E a esperança se queixar, com as minhas aventuras;
Coração já não crê mais, em promessas ou nas juras –
Eu fui pego pelo inverno, qual um urso sem gordura!
A madeira do destino, se cobriu de casca dura –
E a flor do meu sorriso, já perdeu a formosura;
A sorte corta caminho, não me quer, me desconjura –
Só DEUS para ter piedade, dessa pobre criatura!
Sou esboço de um desenho, não sou nem caricatura –
Um rascunho desprezado, um objeto sem procura;
O que eu faço é inútil e o que é feito não perdura –
Até o meu amor é fútil, meu prazer vira amargura!
Escrito por:
Sávio Estrela
Alex Sávio
Jundiaí – São Paulo