O HOMEM E O RIO

Um pai de família com os olhos merejando
Quais fontes da tristeza na planície do rosto,
Sentou na barranca de um rio assoreado
E pôs-se a contar, suas queixas e desgostos;
Por eu ser pescador, te considero um amigo
Vou fazer um reclame por termos intimidade,
Lá em casa falta pão, mulher e filhos choram
Fome e mesa vazia, é a nossa realidade!

Onde está seu peixe, não há mais piracema
Cadê a sua cor, cristalina como o gelo?
Onde anda a corredeira, que o deixava apressado
Pra onde foi você, responda ao meu apelo?;
Até a natureza, murchou em suas margens
Está em extinção e você sequer murmura,
Não existe flores decorando sua paisagem
O grotão da cachoeira, mais parece uma sepultura!

Depois que o homem terminou seu desabafo
O rio buscou forças pra dizer umas verdades,
Se estou perdendo a vida tu és o maior culpado
Eu também tô chorando, porém é de saudade;
Qual olho sem cílio, me arrasto desprotegido
Você matou a mata que guardava-me qual anjo,
Destruiu meu caminho, nem pedras sobraram
Afogou minhas águas com o seu desarranjo!

Se falta o que comer, é porque não alimentastes
O meu sonho de ganhar o abraço do oceano,
Vou morrer sem ouvir a sereia da esperança
Cantar minha chegada, pois estou no desengano;
Embora sua ambição, tenha vencido meu desejo
Saibas que ainda resta a vontade do Criador,
E essa nenhum homem tem poder para impedir
Podes ter certeza, irás colher o que plantou!

Escrito por:
Sávio Estrela
Alex Sávio
Jundiaí – São Paulo