ALEGORIA DO SENTIMENTO

Três vidas, com destinos diferentes, mas um trio de tentos que foram utilizados, para trançar a corda de uma trama que só mesmo a sapiência divinal pode ser capaz.
Um padre, um leigo e um ateu, cada qual em seu cotidiano, mas de repente, uma escuridão abrupta, toma conta do dia na sua plenitude da luz e aqueles homens, são arrebatados para um lugar intrigante.
Num piscar de olhos, a trinca se viu num deserto de areia, porém margeado pelas águas de um oceano, totalmente desconhecido por eles. Nada ali ao redor, sequer uma árvore para amenizar o calor abrasador do astro-rei, que há poucos segundos na consciência deles, tinha desaparecido do Universo.
Sem entender nada, puseram-se a perguntar um pro outro, onde estamos, o que fazemos aqui e quem são vocês? Mas as indagações ficaram no ar do vazio da solidão, pois não havia uma só gaivota no cenário e nem mesmo uma andorinha fazia verão.
Aquela ansiedade invadiu os vossos corações, assim como a fome, já que sede eles não passariam, devido a abundância de água. Ambos apresentaram-se e a distância sentimental e pessoal entre eles era abismal, mas isso veremos adiante.
À noitinha surpresos, viram chegar através de uma onda, três côcos, um para cada um, foi tudo o que tiveram pra comer. O desespero passou a fazer companhia a eles e no segundo dia, novos côcos apareceram, dessa vez dois para cada um e no dia seguinte receberam nove côcos, novamente foram divididos entre si.
E quando a agonia, incerteza e angústia, principiavam dilacerarem o vosso sistema nervoso, deparam com uma visão mirabolante, um senhor de barba e cabelos brancos, numa folha de coqueiro deslizando sobre as águas. Atônitos, contemplaram a cena e a voz de nenhum deles saiu, porém aquele ancião, sem nenhum prefácio, foi direto na víscera vital dos mesmos, dizendo: _ “É óbvio que vocês não estão entendendo nada, sobre o que está acontecendo, mas irão compreender, vós fostes escolhidos para uma epopéia espiritual e o resultado final só depende de vocês. Antes de entrarmos no diálogo individual, quero dizer-vos, que o ser humano assemelha-se a um côco, iniciando-se com uma matéria líquida no interior do mesmo e aos poucos vai se compondo com a massa consistente, a grande diferença é que o côco ao perder o seu teor, o que vai lhe restar é a casca, já o homem pelo contrário, ao final do seu tempo, o corpo se torna uma carcaça que voltará para a origem, no entanto, ele tem uma alma,ela é o divisor de existência para com as outras criaturas.” E no passo seguinte, passou ao parlamento com os três.
”Padre, você está aqui com uma Bíblia, mas eu sei que tens falhado nalgumas questões interpretando a mesma, quero que faça da palavra que nela contém, uma âncora, pois irá precisar.” E num passe de mágica, um barquinho apareceu na frente de todos e o idoso disse: “Vá, pegue o barco e volte para a sua cidade.” O pároco questionou: _ “Cadê o remo pelo menos?” Aquele senhor retrucou: _ “O amor será o seu remo, use ele para chegar em sua tramontana, você não prega tanto sobre o amor, portanto confie nele.” O vigário baixou a cabeça e entrou no bote para a viagem. Em seguida, o velho diz ao segundo: _ “ Você filho leigo, trouxe no bolso apenas a chave de sua casa, pendurada num crucifixo que faz o papel de chaveiro, essa chave de nada adiantaria se você não fosse mais voltar.” De repente outra canoa surge do nada e aquele ancião ordena: _ “Vai e o seu remo é a esperança, seja fiel à ela, que remando com ela em seu coração, o seu sonho alcançará o porto da realidade.” E assim sucedeu, sem contestar aquele homem pecador e comum, entrou no barquinho e partiu. E por fim, o terceiro, diante daquele senhor misterioso. _ “E você filho céptico, sei que traz uma quantia vultuosa em dinheiro, talvez esteja dizendo a si mesmo ou com vontade de falar pra mim, que com este montante poderia comprar um iate luxuoso e regressar ao seu país, mas tenho uma missão importante pra você.” O incrédulo quis resmungar, mas se conteve e o velho continuou. _ “Terás o seu barco também, assim como os demais, todavia o seu remo será algo que você não sabe o que é e faz questão de não ter, a fé, portanto é pegar ou largar, caso queira retornar para o seu mundinho ou não.” O ateu, no primeiro momento disse não e saiu de perto daquele velho, xingando, confessando e professando que não acreditava em DEUS e que a Ciência era a senhora dos seus atos e credos. O ancião lhe deixou à vontade e pegando a sua folha de coqueiro, sumiu de vista no horizonte do mar, contudo a aflição foi incorporando no heterodoxo, que foi sendo sufocado e quando estava ao ponto de descabelar-se na beira da praia, foi arrastado por uma onda e jogado dentro do bote, para iniciar a viagem.
Para que todos possam entender a reflexão, é simples. “Todos somos navegantes nas águas deste mundo e aquele que não tiver os três remos, não conseguirá chegar com o seu espírito ao cais que dá acesso para o paraíso. Navegue nessa meditação.”

FELIZ NATAL A TODOS!
São os votos de : Alex, Ilena e Aparecido.

 

Jundiai – São Paulo