A ENVIADA DE DEUS

O nome dela por si só, já era sinônimo de luz. Aurora era tão inda, quanto à sua xará, que faz o prefácio para o sol escrever a página do dia.
Havia um moço rico que, apregoava o seu amor por ela e esta sua pregação sentimental contínua, terminou por convencer este botão de flor a desabrochar-se pra ele. Polinizada pelo desejo apaixonado dele, que se uniu ao seu néctar de emoção, foi fecundado o fruto, que veio a nascer na noite de Natal. Devido a sua avareza, apego ao dinheiro, pensando em não dividir seus bens com aquela pobretona e o filho, que no pensamento dele fôra gerado por acaso, já que ele só queria ter prazer com ela e não herdar uma cruz pra carregar, ou ter mais uma boca para tratar, segundo a sua opinião. Aquele rapaz, teve um plano maquiavélico e após subornar os funcionários e a direção da maternidade, executou o mesmo com a vossa conivência.
O parto foi muito difícil para aquela manceba, foi usado até o método fórceps inclusive e ela ao acordar, recebeu a triste e desventurada notícia de que o seu bebê nascera morto. Ainda semi-sedada, colocaram em seus braços o nati-morto, que foi banhado pelas suas lágrimas brotadas das entranhas. Depois desse episódio traumatizante, ele findou o namoro com ela, tendo a pachorra de lhe dizer que ela não teria sido mulher o suficiente para lhe dar um filho, o seu sonho mais dourado.
Ela entrou em depressão e quando já estava para ficar de vez no fundo do poço, foi procurada por um mensageiro, vindo de uma cidade distante, com o recado de que a sua professora de catecismo, adotara um bebê e necessitava da sua ajuda. Aqueça criatura sofrida, espezinhada pela dor e desprezo de quem ela confiara o seu amor, naquele momento, sente no coração um apelo de ir pra junto de sua mestra espiritual, com quem aprendera as primeiras ave-marias e fazer o sinal da cruz, que lhe custara um bom tempo, diga-se de passagem. Aquele forasteiro pagou todas as despesas da viagem e a deixou no portão do endereço da sua velha amiga. Quando a sua catequista deparou com ela ali, não podia acreditar, como fôra possível a sua aluna encontrá-la, já que nunca mais se falaram, desde a sua primeira comunhão, pois ela mudara da cidade. E na conferência entre elas, aos poucos foi sendo constatado, que naquele caso, o roteiro tinha sido escrito por DEUS.
A professora de catecismo era estéril e aquela criança era a realização do sonho dela e do marido e que o menino lhe foi entregue por uma enfermeira e um rapaz, ali mesmo na entrada de sua casa, sob o argumento de que a mãe dele, tinha morrido ao dar a luz e como tratava-se de uma prostituta, era quase que impossível descobrir quem seria o pai e eles ávidos para adotarem um filho, não pensaram duas vezes e aceitaram aquele presente de Natal, pois era o dia da festa do nascimento do Menino Jesus e quem recebia a dádiva de vida eram eles, o casal.
Naquela fração de segundos, o coração da moça, dobrou a velocidade dos batimentos, a RPS (rotação por segundo) e irrompeu para dentro da casa de sua amiga, indo direto ao quarto onde o bebê estava chorando e quando ela pôs os pés na soleira da porta, aquele inocente
cessou o chôro e deu uma gargalhada de arrepiar a alma. A catedrática da palavra divina, estava sem entender a atitude de sua educanda cristã e num estalo intuitivo, ligou os fatos e concluiu: _ “Eu não te chamei para vir em meu auxílio, alguém foi te buscar e te colocou aqui, porque aqui está o bebê que lhe disseram que você tinha perdido. Filha, armaram um plano diabólico pra ti, mas os guardiões de DEUS, desfizeram essa trama trançada com os tentos da mentira, maldade e crueldade requintada. Além do fato de que a sua presença maternal, fez com que este anjinho, trocasse o soluço pelo sorriso.” A jovem mãe, não se conteve e ajoelhou aos pés da sua mestra, agradecendo à ela por ter sido o instrumento divino, para que recuperasse o seu tesouro. E como que por milagre, os seios dela, encheram-se de leite, eles que estavam secos, feito a folha que cai e fica ao sabor do sol.
E nesses têrmos, as duas selaram um pacto de amizade eterna e ambas cuidariam da criança, que teria na verdade, duas mães para acompanhar seus passos.
Como diz o ditado: _ Por vias tortuosas, tentaram separar mãe e filho e por estes mesmos trilhos sinuosos, a justiça de DEUS, prevaleceu e numa das curvas do destino, promoveu o reencontro de três vidas, ligadas pelo cordão umbilical da fé, na doutrina de Nosso Senhor.

FELIZ NATAL A TODOS!
São os votos de: Alex Sávio, Ilena e Aparecido.

 

Jundiaí – São Paulo